quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Um feliz Ano Novo a todos meus queridos leitores. !!!!!




Que os deuses egipcios estejam conosco neste ano que se inicia trazendo -nos muita paz, saúde, amor e muita fartura.


UM FELIZ ANO NOVO !!!!!!!!!





Um abraço fraterno a todos .....

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Cleópatra, a última rainha do Egito - Parte II e III






4.0 - Antônio: a nova opção de Cleópatra


Cleópatra ainda estava em Roma quando o imperador foi morto, mas conseguiu voltar em segurança ao Egito, mas não sem antes envenenar o esposo que nesta época tinha quinze anos.

Otávio e Marco Antônio resolveram se unir e lutar contra os assassinos de César, ao vencerem dividiram entre si os territórios de Roma. O segundo ficou com as partes orientais, o que incluía o Egito.

Ele parte então em uma viajem por suas terras para arrecadar tributos para Roma. Em determinado momento, quando estava em Tarso, solicitou varias vezes a presença da rainha Cleópatra, mas ela cancelava todas as visitas, ação contraria aos dos demais governantes orientais que atendiam ao pedido de Marco Antônio com presteza.

Depois de receber vários convites Cleópatra então resolve encontrar Marco Antônio, mas ela prepararia uma grande frota de navios e se estabelecia em uma embarcação especialmente extravagante para ir a Tarso apresentando-se como uma deusa.

Marco Antônio e Cleópatra manteriam então relações amorosas daquele dia em diante, e a pedido da rainha ele executa Arsinoe. Mas para exaltar sua afeição para com a egípcia ele ainda lhe presenteia com a ilha de Chipre.

Um ano depois os dois se reencontraram em Alexandria, onde Marco Antônio ficou hospedado despreocupadamente e até adotou alguns costumes do local, como vestir-se igual a um grego, por exemplo. Ele passava os dias entre jogatinas, bebedeira e exercícios e quando recebia alguma mensagem pedindo para que retornasse a Roma ele a ignorava.

Mas, devido ao seu descuido, Marco Antônio começou a perder algumas terras e teve que abandonar o seu refugio e ir para a Grécia e assim montar os planos para a futura batalha. Sua esposa Fúlvia foi ao seu encontro. Enquanto ele esteve fora, ela e Lúcio, irmão mais novo de Marco Antônio, travavam uma guerra civil contra Otávio.

Enquanto esteve com o esposo, Fúlvia fica doente, mas ele a abandona para ir a Roma, ao chegar ao seu destino recebe a mensagem que anuncia que ela morrera.

Lúcio tem o seu exercito subjugado por Otávio que, apesar de tudo, continua em aliança de paz com Marco Antônio.

Os dois resolveram reforçar a divisão do império entre eles, mas desta vez o Egito é posto como território independente.

Marco Antônio foi então obrigado a casar-se com Otávia, irmã de Otávio, para intensificar a aliança entre os dois. A esta altura Cleópatra estava grávida e acabou por dar a luz a gêmeos: uma menina chamada Cleópatra Selene e um garoto chamado Alexandre Hélios.

Antonio e Cleópatra passaram quatro anos sem se ver, mas se reencontraram quando ele lhe enviou uma mensagem pedindo-lhe que fosse vê-lo na Síria, assim, quando ele a presenteia com quase toda a bacia do Mediterrâneo e reconhece Cesarion como herdeiro legítimo de Júlio César.

Enquanto Marco Antônio preparava-se para a batalha contra os partos, Cleópatra descobre que está grávida mais uma vez, era um menino ao qual deu o nome de Ptolomeu Filadelfo.

5.0 - A guerra eminente contra Roma

Esperava-se que se utilizando de um grande exercito Marco Antônio derrotaria facilmente os partos, mas depois de meses separados a rainha começa a receber cartas de suplicas do amante lhe pedindo dinheiro e reforços, e assim que vai encontrá-lo depara-se com um exercito faminto sob o comando de um homem declinado. Na vontade de proteger Cleópatra de possíveis retaliações Antônio alimenta o exercito e deixa claro que o dinheiro que os nutre é da rainha egípcia.

Otávia em Roma estava abandonada, e juntamente ao seu irmão ficou sabendo da alarmante situação financeira do marido. Ela então vai à Grécia com uma grande quantia de dinheiro e manda uma mensagem para Antônio mandando que ele vá encontrá-la. Esta ação na verdade era um truque de Otávio, se por acaso Antônio se negasse a ir os romanos poderiam interpretar como de fato abandono a Roma e lealdade a Cleópatra.

Influenciado por um suposto ataque de tristeza que teria abalado a saúde psicológica de Cleópatra, Antônio escreve a esposa pedindo-lhe que retorne para casa, pois ele não pode buscá-la uma vez que estaria se preparando para a guerra o que seria potencialmente perigoso para ela. A opinião pública, olhando a nobreza de caráter de Otávia e paciência em esperar fielmente o marido começou a repudiar Marco Antônio.

A certa altura da sua vida ao lado de Cleópatra, Marco Antônio em um festival em Alexandria afirmou publicamente que o Império do Oriente estava totalmente independente de Roma, e que ele, mas a rainha e seus filhos seriam os senhores.

Dar os domínios orientais para a rainha egípcia foi o extremo para o povo romano. Marco Antônio era então um inimigo oficial do império.

Otávio e seus partidários iniciaram uma serie de propagandas degenerativas contra Cleópatra.

Logo o Egito e o império romano começaram a prepararem-se para se confrontarem. Aqueles que eram partidários de Marco Antônio foram para o Egito ficar ao seu lado. Cleópatra insistiu que a guerra contra Roma deveria ocorrer, ela estava no anseio de torna-se governante também do ocidente e usaria o seu exercito e o exercito de Marco Antônio para tal. Ele estava tão dominado por ela que seguindo o seu pedido separou-se oficialmente da sua esposa Otávia. Ele nesta época estava com cinqüenta e oito anos, e ela com trinta e nove.

Diante da submissão pública que Marco Antônio demonstrava por Cleópatra ele começou a perder partidários. O que continuou a seguir foram demonstrações cada vez maiores de abandono ao império de Roma, dentre eles o seu testamento onde se afirmava que quando morresse queria ser velado no fórum romano, mas o seu corpo deveria ser enviado a Alexandria para lá ser sepultado. Uma afirmação desta vindo de um dos lideres de Roma era um insulto, e ele foi exonerado de todos os seus cargos oficiais e a guerra foi enfim declarada contra Cleópatra.

Em 31 a.C, Marco Antônio concentrou sua infantaria e suas forças navais na Grécia, mais especificamente em Áccio. Otávio tomou a iniciativa e atacou as tropas de Antônio primeiro e o fez com sucesso.

Após um longo período de batalha a fio no mar e as tropas de Otávio prestes a se tornarem vitoriosas os navios de Cleópatra içaram as velas e fugiram. Marco Antônio logo passa para um navio menor e segue a rainha. Sem comando, as suas tropas se rendem e a batalha é tida como terminada. Cleópatra ansiava retornar o mais breve possível para Alexandria antes que os egípcios descobrissem a sua derrota, mas Marco Antônio decidiu permanecer em uma cidade costeira chamada Paretonium (atual Marsa Matrouh) onde ficou sabendo que a Grécia prestara homenagens a Otávio.

A rainha, por sua vez, voltou para casa com toda a pompa de uma governante vitoriosa, mas, ciente da sua situação, ela enviou um emissário a Otávio munido de alguns presentes (um cetro e uma coroa), na busca de uma negociação: ela lhe entregaria seu reino se ele permitisse que os príncipes egípcios herdassem o trono. Otávio então deixa claro que aceitaria a oferta se a rainha se livrasse de Marco Antônio, executando-o ou expulsando-o do reino. Cleópatra não segue o pedido e Otávio interpreta esta ação como uma recusa.

Numa última investida ela usa o seu filho Cesarion para denotar a sua ascendência de Roma preparando para ele a cerimônia da maioridade, que era de considerável importância na sociedade romana, na época ele tinha dezessete anos de idade e vestia a toga dos adultos. Otávio, ao saber da celebração, ressentiu-se, pois ele deveria ser o único herdeiro, e o seu rival ter tornado-se adulto era uma ameaça a sua posição.

Após ter passado um ano Otávio descobre que a rainha está preparando um mausoléu. Devido a este fato ele começou a imaginar que ela pensava em suicídio, o que não ia de acordo com os planos dele, já que ansiava que a rainha viesse a desfilar nas ruas de Roma como o seu triunfo. Sendo desta forma ele inicia um joguete insinuo-se apaixonado pela egípcia e ela aceita esta oportunidade.

Parte III

Neste ponto da história a personalidade de Cleópatra apresenta-se mais dúbia, ela troca cartas secretamente com Otávio, enquanto este pedia que a rainha executasse seu amante. O fato dela manter estas mensagens em segredo parece apontar que matar Marco Antônio fosse realmente uma possibilidade aceitável.

Ela envia para fora do Egito Cesarion, a fim de protegê-lo até que a sua situação estivesse segura, e depois se tranca no próprio mausoléu com duas criadas mandando que informassem a Marco Antônio que ela tinha se matado. Este logo reagiu e após enfiar uma espada no próprio peito descobre de alguma forma que Cleópatra estava viva e pediu para que o levasse até ela.

A rainha estava encerrada em seu mausoléu e se negou a abrir-lo, os presentes tiveram que transpassar o romano por um orifício com o auxilio de cordas e roldanas. As fontes relacionadas aos últimos momentos de Cleópatra e Marco Antônio são contraditórias. Mas o que está escrito é que ele morreu em seus braços trancados no local.

Ainda segundo as fontes escritas disponíveis, soldados de Otávio chegam ao local, e em um determinado momento durante as negociações com a rainha pelas frestas da tumba um dos oficiais romanos conseguiu entrar no recinto e prender Cleópatra. O povo de Alexandria não foi punido e a cidade não foi saqueada. Os filhos gêmeos da governante foram enviados a Roma onde foram adotados por Otávia.

Otávio permitiu que Cleópatra mumificasse Antônio, neste período cita-se que ela ficou doente e negou-se a se alimentar, mas, após saber que se não comesse seus filhos seriam executados voltou a cuidar da saúde. Otávio mostrou-se o tempo todo prestativo a rainha, mas ele foi desmascarado quando um dos seus séqüitos o traiu contando a Cleópatra que ele planejava levá-la a Roma para ser exibida nas ruas.

Ela então reconsiderou o suicídio e pediu permissão para visitar a tumba de Marco Antônio para fazer oferendas. De acordo com os textos ela teria tomado um último banho e se vestiu com indumentárias ligadas a deusa Isís, e enquanto fazia sua refeição um homem entrou na sala com um cesto cheio de figos e ofereceu aos soldados, depois levou-os a rainha. Ela, em contrapartida, escreveu uma mensagem a Otávio, onde pedia para ser sepultada ao lado de Marco Antônio. Ao receber a mensagem Otávio se dirigiu rapidamente ao local e encontrou Cleópatra morta na cama e suas duas criadas Iras e Charmion agonizando aos seus pés.

Cleopatra
(69-30 B.c)

“Give me to drink mandragora…
That I might sleep out this great gap of time
My Antony is away.”
(Shakespeare’s Antony and Cleopatra 1.v.4)


Veja mais:
Benchley, Elizabeth. Cleópatra. Editora Folio, 2007.
Terrae Antiqvae, 24/04/2009. < http://terraeantiqvae.blogia.com/2008/042401-egipto-buscara-mediante-un-radar-las-tumbas-de-cleopatra-y-marco-antonio.php >

Fonte:

http://www.arqueologiaegipcia.com.br/texto_cleopatra_ultima_rainha_egito.html



Cleópatra, a última rainha do Egito - Parte 1



O texto a seguir foi elaborada por uma amiga e aspirante a arqueóloga, Márcia Jamille, grnade estudiosa de nosso amado Egito Antigo.

Qualquer fato relacionado a vida de Cleópatra tornou-se, na atualidade, algo questionável. Teria mesmo a última rainha do Egito se suicidado com uma serpente? Uma naja realmente teria veneno suficiente para matar a rainha e duas de suas servas? Suas artimanhas seriam meras lendas ou fatos reais? Pesquisas no templo Taposiris Magna, localizado próximo ao Lago Abusir (antigo Lago Mariut – tendo a Norte a cidade de Alexandria), construído durante o reinado de Ptolomeu II (282-246 aC) revelaram achados que podem indicar o local como o túmulo da rainha Cleópatra, despertando mais uma vez a curiosidade sobre a vida desta mulher.

Este material é um resumo da biografia conhecida da rainha Cleópatra realizada pelo grego Plutarco (45 – 120 d.C) - que também fizera uma síntese sobre o mito de Ísis e Osíris -, mas para tal utilizei como base o trabalho da professora aposentada E. D. Benchley da Oxford University.

1.0 - Raízes gregas

Com a morte de Alexandre Magno em 331 a.C e a ausência de descendentes legítimos para herdar seu reino, seus generais disputaram suas conquistas. Nesta época o Egito, uma terra rica e produtiva, já estava em mãos gregas. No momento da divisão de bens foi Ptolomeu, conselheiro e um dos generais de Alexandre, quem ficou com o local, tornando-se o primeiro faraó da dinastia ptolomaica em 304 a.C governando na então capital Alexandria, que foi planejada pelo grego Dinocrates. Quem chegava a cidade pelo o mar se deparava com um grande farol de cerca de 100 metros de altura erguido na ilha próxima ao porto chamada de Faros. Segundo os documentos o farol era decorado com mármore branco, e sua exuberância, além de tamanho nada convencional, lhe garantiu ser uma das sete maravilhas do mundo.

Ptolomeu teve varias esposas, mas uma se destacou: Berenice, a mãe do então herdeiro, embora ele não fosse o filho mais velho do faraó. Sugere-se que ela era irmã do rei, o que só demonstra que casamento consangüíneo da era Ptolomaica permaneceu fiel a tradição dos antigos governantes egípcios que imitavam seus deuses, casando-se com parentes próximos para manter a “pureza” divina.

O herdeiro chamou-se Ptolomeu II, que se casou com a meia irmã Arsinoe que lhe deu o filho Ptolomeu III Evergetes, depois se casou com uma irmã sanguineamente mais próxima chamada também Arsinoe.

Ptolomeu III se casa então com a irmã Berenice e da união nasce Ptolomeu IV Filopator, considerado a primeira “semente ruim” ptolomaica, uma vez que era impiedoso e lhe é atribuído o assassinato do pai e da mãe. Com a sua morte sua esposa acende ao trono, mas é morta pelos os ministros e substituída por seu filho Ptolomeu V Epifanes.

Como não tinha irmãs, Ptolomeu V se casa com Cleópatra I que deu a luz a Ptolomeu VI que se une matrimonialmente com a irmã Cleópatra II que dá a luz a Ptolomeu VII Neo Filopator.

O casal ainda divide o poder com o irmão Ptolomeu VIII, mas com a morte de Ptolomeu VI o trono passa para o sobrinho Ptolomeu VII. Ptolomeu VIII e a viúva Cleópatra II casam-se e tem um filho, mas o esposo trai a rainha com a filha desta chamada Cleópatra III.

Ptolomeu VIII demonstra um caráter particularmente mais desprezível quando assassina o filho com medo de que este venha a ser uma ameaça ao trono. Com a morte da rainha ele e Cleópatra III reinam juntos sob matrimonio e após a sua morte a moça escolhe seu filho mais novo, o Ptolomeu X, pondo de lado o primogênito Ptolomeu IX Soter que assumiu o governo da ilha do Chipre.

Ptolomeu X casou-se com a sobrinha Cleópatra IV Berenice, que após a morte do marido e do pai (que chegou a torna-se faraó também) permaneceu no poder casando-se com o seu filho Ptolomeu XI, mas depois de duas semanas e meia de casados ele mata a mãe/esposa, mas é assassinado por uma turba enfurecida.

Ptolomeu XI teve somente filhos ilegítimos, contraídos fora de um casamento monárquico, aos quais a dois deles lhes foi concedidos os reinos do Egito e Chipre. O que ficou com o primeiro foi Ptolomeu XII, que se casou com a sua irmã Cleópatra V. Nesta época o império romano já estava encontrando o seu auge e afirmava ter o testamento de Ptolomeu XI onde se afirmava que o Egito era a herança que ele deixava para Roma, muito embora não tenha sido apresentada a copia de tal documento.

Com o medo da ameaça abusiva do império romano o faraó Ptolomeu XII teve que pagar enormes quantias para Roma, afim de que seus soldados não invadissem o Egito, um medo que se tornava mais latente quando Chipre foi tomada. Assim sendo os egípcios optaram por se desfazer de Ptolomeu XII exilando-o em Roma no ano 59 a.C e pondo no trono sua filha Berenice.

Em Roma o rei foi bem acolhido por Pompeu, Crasso e Julio César, principalmente pelo o primeiro que o recebeu em sua própria casa e apoiou os direitos monárquicos do exilado, embora saibamos que esta atitude não foi por amizade e nem compaixão e sim por dinheiro: Ptolomeu XII teve que pagar uma considerável quantia tanto a Pompeu como a Julio César que garantiram o retorno, sob escolta, do rei ao Egito.

Ao chegar a Alexandria, Ptolomeu XII ordena a execução da filha, nesta época a nossa Cleópatra (Cleópatra VII), a qual se dedica o assunto deste trabalho, tinha quatorze anos quando sua irmã mais velha foi assassinada e tornou-se a próxima na sucessão. Diz-se que também foi na chegada da escolta romana que a pequena tinha visto pela a primeira vez Marco Antônio.

2.0 - A ascensão de Cleópatra VII ao trono

Não se sabe quem é a mãe de Cleópatra VII, então especula-se que seja filha de uma segunda esposa de Ptolomeu XII.
Ela na verdade não se destaca na história egípcia somente devido aos seus romances, mas sim por ter sido a primeira da família ptolomaica a falar o idioma egípcio, ao contrario dos demais governantes da dinastia que só falavam grego.

Além da vantagem de ser poliglota, parece ter sido bastante astuta, o que lhe conferiu tornar-se alvo de interesse de duas cabeças importantes de Roma. Seu empenho pelos estudos não ficou somente nas línguas, ela interessava-se também por ciências e literatura.

Quando Ptolomeu XII morreu em 51 a.C e Cleópatra alcançará a idade de quinze anos e seus irmãos dez e sete anos, Pompeu tornou-se tutor dos príncipes egípcios. De acordo com o testamento do rei falecido, a princesa deveria então casar com o seu irmão Ptolomeu XIII e governarem juntos, no entanto, vendo que a jovem não planejava de fato dividir o poder com o irmão um eunuco chamado Potino e um político chamado Áquilas resolveram unir-se ao garoto para derrubar a irmã, mas claro que depois de afastar a rainha eles ambicionavam governar usando o menino como fantoche.

Neste meio tempo, em Roma, o choque de idéias entre Pompeu e César, o qual estava cada vez mais ganhando popularidade, fez com que se ocorresse uma ruptura de aliança e os dois travaram batalha.

Acreditando ser Pompeu o mais forte, a rainha Cleópatra lhe envia então apoio através de reforços navais e cereais para alimentar o exercito.

Provavelmente aproveitando a insatisfação egípcia por sua governante estar ajudando a odiada Roma, Ptolomeu XIII, já com quatorze anos de idade e instigado por seus conselheiros, iniciou incitações ao povo para desmoralizar o prestigio de Cleópatra.

O objetivo foi alcançado e Cleópatra mais sua irmã Arsinoe fugiram para a Síria.

César derrota Pompeu na batalha de Farsália no ano de 48 a.C e torna-se o governante total de Roma.

Pompeu segue então para o Egito acreditando que receberia asilo, assim como fez anos antes com um dos ptolomeus, mas foi assassinado e teve tua cabeça cortada para ser presenteada a César, a autoridade maior romana que chegou à Alexandria muitos dias depois no encalço de Pompeu. Ser presenteado com a cabeça do outrora amigo e principalmente cidadão romano o deixou decepcionado.

Depois de sepultar Pompeu, César percebeu a realidade do governo egípcio e enviou mensagens pedindo que os irmãos se reconciliassem, mas ambos tinham planos diferentes do dele.

Cleópatra aproveitou a estadia de Júlio Cesar em Alexandria e resolveu vê-lo, mas num momento em que o irmão não estivesse presente para não influenciar na sua conversa com o governador romano. Ela navegou de volta a capital egípcia em uma embarcação simples e foi enrolada em um tapete para que se passasse por uma encomenda. Carregado por um empregado o “pacote” é levado para os aposentos de Julio César.

De acordo com Plutarco os dois tiveram relações sexuais naquela mesma noite e no outro dia Ptolomeu XIII foi ter uma reunião com César e quando viu a irmã ao lado do governador percebeu que Cleópatra estava um passo a sua frente.

Em determinado momento de sua estadia no Egito, César deixou bem claro para os dois irmãos que deveriam governar juntos, como estava no testamento de Ptolomeu XII. No entanto, apesar de promover a união dos dois ele continuava a dormir com a rainha, o que provocava o descontentamento entre os egípcios já que sua soberana traia o faraó com um estrangeiro de forma extremamente descarada.

O descontentamento provocou uma revolta civil que implicou no uso do exercito por Potino e Áquilas, os conselheiros mais próximos de Ptolomeu XIII, mesmo que o seu rei não lhes desse a ordem de insinuar uma batalha contra os romanos.

O conflito armado ocorreu na própria Alexandria, Arsinoe, que até então estava encarcerada na prisão do palácio junto a Ptolomeu XIII, conseguiu escapar e juntou-se a turba que a aclamou como a nova rainha do Egito.
Áquilas, que estava no comando do exercito que invadiu a cidade teve sua morte encomendada por Arsinoe que declarou o seu eunuco Ganímedes o novo general. Já no palácio, César mandou executar Potino e libertou Ptolomeu XIII da prisão. Quando se viu livre sua primeira medida foi se unir a Arsinoe, o que, claro, travou o seu destino.

Quando os alexandrinos tomaram a ilha de Faros, César receou que eles tomassem sua frota naval e mandou que ela fosse incendiada. As chamas provocadas por esta ação durou dias e se espalhou tomando alguns pontos da cidade, inclusive a biblioteca de Alexandria, conhecida por ter possuído milhares de volumes sobre a civilização grega, ciências e literatura, o que acabava por atrair a atenção dos melhores pesquisadores que existia.

A certa altura César conseguiu recuperar a ilha de Faros, mesmo com o auxilio de sua reduzida tropa, mas os egípcios, que estavam em uma força consideravelmente maior, continuaram ferozes. Em fim, quando reforços chegaram de Roma a batalha que tinha durado seis meses pode em fim chegar ao fim. Ptolomeu XIII tentou escapar dos romanos pelo o rio, mas sua embarcação foi a pique e o rei morreu afogado.

3.0 - César e a rainha Cleópatra

Com a vitória, César ordenou o restauro da cidade e entregou o poder a rainha Cleópatra e seu irmão mais novo, Ptolomeu XIV, que tinha onze anos. Com o novo casamento a vida monárquica egípcia poderia continuar. Já a rainha dos rebeldes, Arsinoe, foi exilada em Roma.

Cleópatra então engravidou, mas como não podia, e nem queria, declarar que a criança pertencia a Ptolomeu XIV, ela teve uma idéia. Todos no Egito sabiam que o pai era Júlio César, logo ela reuniu-se aos sacerdotes e pediu que eles afirmassem à população que o governador romano era a reencarnação do deus Amon, assim, não teria problema algum que a rainha engravidasse dele.

A criança que Cleópatra esperava seria o único filho de César, já que nenhuma das esposas que ele tivera em Roma lhes deu um.

Com o passar dos dias a pressão para voltar a Roma só continuou a aumentar, e após passar uns tempos com a rainha egípcia navegando pelo o Nilo para conhecer a cultura do norte da África, César retornou para os romanos. Semanas depois o seu filho nasce. Presunçosamente a criança ganhou o nome de Cesarion, e Cleópatra mandou que se cunhassem moedas com a sua imagem segurando o menino.

Quando Cesarion alcançou os dois anos de idade, Cleópatra e o esposo foram para Roma durante as celebrações de triunfo das guerras de César. Quando chegou teve que assistir a sua irmã Arsinoe desfilar de forma humilhante e acorrentada pelas as ruas, apresentada como um troféu do governador.

A rainha egípcia ficou hospedada num bairro periférico e era tratada como uma convidada especial de César, o qual ia visitá-la freqüentemente, mas, apesar de ter conhecido o filho pessoalmente, não o reconheceu como seu herdeiro legitimo, muito pelo o contrario, ele definiu em seu testamento que caso ele não tivesse um filho seus bens teriam que passar para o seu sobrinho Otávio, filho de Átia, e irmão de Otávia.

Com o aumento de seu poder Júlio César tornou-se Imperador e Ditador Vitalício, mas o senado não estava contente com o seu governo acreditando que por receber tal poder ele seria uma ameaça. Dois nomes do senado começaram a tramar uma conspiração: Cássio e Brutos, sendo que este último era alguém ao qual César depositava total confiança.

Certa tarde ao chegar ao senado o ditador foi surpreendido por adagas que estavam escondidas nas togas dos companheiros. Os demais senadores que não faziam parte da trama só puderam assistir ao assassinato do imperador.

Depois de Júlio César o homem mais poderoso de Roma era Marco Antônio, e este, quando soube do assassinato fugiu disfarçado de escravo até a sua casa onde mandou uma mensagem para a esposa de César pedido-lhe os documentos administrativos. Ela lhes cede os papeis que agora ficariam em poder de Antônio.

Quando o testamento do imperador foi a público o povo romano soube que também eram herdeiros do ditador, pois ele deixará uma quantia considerável de dinheiro para cada cidadão e que Brutos, um dos seus assassinos, deveria ser o tutor do filho que César poderia vir a ter. Tomando ciência destes fatos os romanos decidiram condenar o grupo de conspiradores.

Otávio, o herdeiro legítimo do tio, ficou sabendo do ocorrido só semanas depois, mas durante este período Marco Antônio já estava disposto a torna-se o substituto de César no poder.


Fonte:

http://www.arqueologiaegipcia.com.br/texto_cleopatra_ultima_rainha_egito.html

Akhenaton




A profunda sabedoria contida na doutrina de Akhenaton continua a irradiar-se através dos milênios e chega até nós cada vez mais fascinante e bela.

Geraldo Rosa Lopes


Akhenaton é o Filho de Aton, é o grande Mestre do Culto, é o Sacerdote Divino. Ele é o governante, cuja precípua função é educar, para que todos compreendam a natureza de Aton, o seu significado espiritual e a sua filosofia de verdade, paz e amor.

Akhenaton ensinava sua doutrina para aqueles que têm olhos para ver e ouvidos para ouvir. Ele aprecia esse contato direto com seus súditos-alunos.

Conforme seu ideal religioso Akhenaton desejava modelar uma sociedade diferente, na qual as relações sociais fossem mais humanas. O Rei desconsiderava a condição social por nascimento ou por classes, apenas importando seu coração puro e o desejo de viver a religião de Aton.

Deus revela-se ao Rei porque ele sente a sua consciência invadida pela luz do Sol divino. Ele sabe que sua missão maior é comunicar essa revelação ao povo, transmitindo a sua experiência espiritual:

Aton é alegria e deseja que seus filhos sejam alegres;
Aton é abundância e deseja que seus filhos tenham abundância;
Aton é amor e deseja que seus filhos vibrem no amor;
Aton é paz e deseja que seus filhos vivam na paz;
Aton é verdade e deseja que seus filhos encontrem a verdade;
Aton é vida e deseja que seus filhos sintam a vida eterna.

A religião de Aton é a única que traz harmonia e felicidade para o Egito e para seu povo, pois é fundamentada na essência divina da Verdade, que se estende a toda a Humanidade.

Akhenaton conduziu a religião egípcia no sentido de despertar o povo para a compreensão do Deus único e de mostrar o caminho da ascensão espiritual que todo ser humano deve seguir, através do Amor, da Justiça e da Verdade.

Séculos mais tarde, Jesus veio concretizar esta missão, ensinando:

AMOR: “Deveis Amar ao próximo como a vós mesmos”.

JUSTIÇA: “Buscai em primeiro lugar o reino de Deus e a sua Justiça, e todas as coisas vos serão dadas por acréscimo”.

VERDADE: “Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará”.

Percebe-se assim que Akhenaton foi o precursor dos ensinamentos de Jesus, pois ambos vieram transmitir a palavra de Deus que se fundamenta no Amor, na Justiça e na Verdade.

Dizia ele: É fundamental para o ser humano “VIVER EM VERDADE!” Somente o entendimento da Verdade pode traçar a diretriz para o despertar da nova Humanidade.

Akhenaton ensinava a seu povo que somente quem vive em Verdade pode encontar a trilha do amor e da justica, esteios do equilíbrio que conduzem o homem à evolução espiritual para desfrutar da tão almejada felicidade.

A verdade da religião de Aton, vibrante de amor fraterno e pintada com as brilhantes cores da natureza, só é percebida através de um sol interior, como explica o Rei.

Akhenaton foi o Faraó do Amor e muito trabalhou no sentido de desenvolver a fraternidade entre os povos.

Akhenaton realmente vivia na harmonia universal, porque vibrava na energia do Amor, isto é, na energia Divina, conforme consta do seguinte poema:

“O belo príncipe,
O eleito do Sol,
Rei do Alto e do Baixo Egito.
Vive na harmonia universal,
Senhor dos Dois Países,
Belo filho do vivo Aton,
Cujo nome permanecerá para sempre.”

A sua mensagem ocorreu no passado, mas permanece atual para o presente e certamente servirá para o futuro, pois trata de uma lei universal, que deverá ser seguida pelo ser humano, mais cedo ou mais tarde, a fim de atingir à evolução cósmica.

Quem fizer uma viagem no tempo para conhecer o antigo Egito, certamente vai se deparar com o seu personagem de maior expressão, Akhenaton, o qual continua transmitindo ao Mundo a sua lição sobre a essência da Verdade.

Christian Jacq refere a atualidade da mensagem de Akhenaton, dizendo:

“Akhenaton colocou em prática as leis espirituais vislumbradas em sua viagem interior, as quais devem ser seguidas, ainda hoje, por todo o homem que zelar pela evolução da sua alma”.

O Faraó Akhenaton permanece vivo no coração de cada homem que buscar a Deus. Sua notável experiência o conduziu à Eterna Sabedoria, que ele soube tornar perceptível à Humanidade, mostrando que a Vida nasce sem cessar e que a Natureza se renova a cada dia, como uma manifestação de Deus.

Os ideais de Akhenaton são perenes e devem atravessar a eternidade, pois ele assim se expressava:

“Os meus ideais desafiarão o tempo até o momento em que o cisne se torne preto e o corvo, branco; até que as montanhas se levantem e se movam até aos abismos e se precipitem no rio;... até que suas riquezas sejam tão abundantes como os grãos de areia nas margens do rio, como as escamas dos peixes;... até que ele celebre tantos jubileus como as penas dos pássaros e as folhas das árvores”.


Ondina Balzano

terça-feira, 17 de novembro de 2009

A dança no Antigo Egito


A dança servia com meio de comunicação, até como homenagem e agradecimento a esse deus/deusa.

A dança passa a ter um objetivo especifico: ela é ligação com o divino, praticado em rituais religiosos. A função dessa dança era, sobretudo, comunicar, homenagear, agradecer, pedir favores e pedir proteção através de movimentos com o ventre carregados de simbolismo e energia.

A essência foi tão forte que a herança deixada por eles (os egípcios) até hj é adotada, perpetuada na forma da “dança do ventre”.

A dança do ventre, considerada sagrada, procurava expressar movimentos e arquétipos do corpo, principalmente do ventre e da anca que além de mais nada simbolizavam os ciclos da vida: da lua, estações, marés, dia e noite, o nascer, viver e o morrer, tão ligados à mulher (ciclos menstruais, da fertilidade, de dar à luz). Supõe-se que dançavam em trajes transparentes para uma melhor visibilidade dos movimentos.

Para compreender melhor, transcrevo parte de uma inscrição, de um cântico em louvor Hathor (deusa da dança e música) encontrada num dos templos:

“Nós tocamos as nossas percussões para o Seu espírito,

Nós dançamos pela Sua graça,

Nós vemos a sua linda forma nos Céus,

Ela é a nossa senhora dos Sistros,Amante dos colares de areia.

Hathor é a senhora do Prazer e do Júbilo,

Amante da Dança,

senhora do Sistro e Rainha da Música. (…)

Senhora de toda a beleza,

Amante das preces

Quando os seus dois olhos estão abertos: Sol e Lua

Os nossos corações rejubilam,

recebendo a Luz.


Hathor é a senhora da Dança Sagrada

Senhora do êxtase – não dançamos para mais nada senão para o seu Espírito…”



quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Maternidade



A partir da adolescência a jovem egípcia começava a preocupar-se com o futuro papel de mãe que iria desempenhar. Passava a usar cintos para enfeitar os quadris com adornos feitos de motivos de ouro em forma de cauri, concha símbolo da vulva que podia procriar. Uma vez casada, não esquecia das preces a Hátor, uma espécie de deusa-mãe, protetora da maternidade, entre outros atributos.

Para saber se estava ou não grávida e até para conhecer de antemão o sexo do bebê, a jovem seguia procedimentos indicados em vários papiros, sendo que o mais célebre usa empíricamente a teoria dos hormônios. Nesta receita a areia provavelmente servia de suporte aos grãos dos cereais e as tâmaras serviam como adubo. Diz o papiro:

Outro meio de reconhecer se uma mulher procriará ou não: colocarás cevada e trigo em dois sacos de tecido que a mulher regará com sua urina todo dia; paralelamente, tâmaras e areia em dois outros sacos. Se a cevada e o trigo germinarem ambos, ela procriará. Se germinar a cevada primeiro, será um menino; se é o trigo que germina primeiro, será uma menina. Se nenhum dos dois germinar, ela não procriará.

Quando as mulheres engravidavam, solicitavam todo tipo de proteção aos deuses. Usavam uma espécie de plaquetas de marfim de hipopótamo, em forma de lâmina curva de faca, conhecidas como os marfins mágicos. Tais amuletos surgiram no Império Médio e continham em uma extremidade imagens de gênios como Aha, protetor das mulheres e das crianças, Bes, deus da família e protetor das mulheres grávidas, ou ainda do hipopótamo fêmea Tuéris. No outro extremo aparecia, às vezes, o focinho do cão Anúbis. O objetivo era, provavelmente, tecer uma rede profilática em torno do ovo da mulher grávida, ao qual o oleiro divino Khnum dá vida, assim como dá vida ao pinto, como diz uma inscrição do templo de Esna.

A egiptóloga Christiane Noblecourt [1] nos diz que uma vez chegado o momento do parto, parece que a egípcia dava à luz nua, com o torso reto, de vez em quando sentada numa poltrona especial, às vezes ajoelhada, com frequência acocorada sobre quatro tijolos rituais, as quatro Nobres Damas que presidiam o nascimento e que mais tarde acompanhavam os humanos ao túmulo para os proteger.

Caso a criança nascesse antes do tempo, eram empregadas fórmulas mágicas para mantê-la com vida. Quanto às mães, o estudo das múmias revelou que inúmeras mulheres morriam de parto. Depois de dar à luz, a mãe ficava 14 dias afastada de sua vida normal e passava por uma purificação ritual numa espécie de pavilhão. No decorrer desse período tratava apenas de alimentar bem o bebê e protegê-lo do mal. Era importante que ela desse de mamar à criança no seio durante os três primeiros anos de vida e médicos e mágicos ajudavam-na a cumprir tal missão, não descurando de tratar-lhe os seios doentes. A receita mágica que permitia manter os mamilos sadios dizia:

Exorcizar com vime, com fibras de plantas, com pistilos de junco e seus estames [...] a transformar em uma corda torcida do lado esquerdo a ser posta sobre o mal, dizendo: "Não faças supurações, não causes prurido e nem sangres."

Diversas outras receitas médicas ou mágicas existiam para fazer com que o leite materno não secasse nem provocasse cólicas no bebê, para acalmar o choro do recém-nascido, ou para protegê-lo de todo e qualquer mal. Um dos papiros dizia, referindo-se ao lactente:

Que cada deus proteja teu nome,

Cada lugar onde te encontrares,

Cada leite que beberes,

Cada seio em que te prenderes,

Cada joelho sobre o qual sentares,

Cada veste que te puserem,

Cada lugar onde passares o dia,

Cada proteção sobre ti pronunciada,

Cada objeto sobre o qual deitares,

Cada laço que te fizerem,

Cada amuleto posto em teu pescoço.

Mais adiante o encantamento se dirige contra qualquer espírito malfazejo:
Vieste para abraçar esta criança?

Não permito que a abraces!

Vieste para acalmar esta criança?

Não permito que a acalmes!
Vieste para lhe fazer mal?

Não permito que lhe faças mal!

Vieste para levá-la?

Não permito que a leves!

As egípcias consideravam-se realmente protegidas com tais encantamentos e, assim, procuravam evitar a ansiedade que poderia ter efeitos nocivos sobre o leite. Costumavam manter em seus aposentos um pequeno recipiente que representava a deusa Tuéris. A figura tinha um dos seios furado e protegido por um pequeno tampão. Cheio com água mágica o receptáculo permitia um gotejar controlado e essa simpatia evitava o esgotamento do leite materno e garantia sua abundância. O leite — afirma Christiane Noblecourt — entrava, entre outras coisas, no preparo de poções e líquidos benfazejos, para acalmar a tosse de uma criança, por exemplo, misturado com mel e tâmaras açucaradas. Esse remédio muito antigo aproximava-se de outras prescrições médicas que recomendavam "o leite da mulher que acabou de pôr um filho no mundo" para curar a coriza, mas também as oftalmias. Pequenos recipientes encantadores, em forma de uma mulher agachada tendo nos braços um recém-nascido completamente nu, deviam servir para transportar o precioso líquido.


Fonte:





[1] NOBLECOURT, Christiane Desroches. A mulher no tempo dos faraós. Campinas, SP: Papirus, 1994.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

A representação da Lua no Antigo Egito



A lua cheia sempre esteve ligada ao ser humano, ao animal ou possivelmente às plantas, assim como às criaturas noturnas ,como as bruxas e os lobisomens influenciando- as em seu comportamento e emoções.


Acredita-se que, durante a lua cheia, aumentem o número de crimes violentos, de suicídios e das internações nos hospícios, não é à toa que os loucos são chamados de lunáticos. A lua cheia também é relacionada à fertilidade, acredita-se que mais mulheres dão à luz na lua cheia, além de sua influência na menstruação.





No campo, muitos agricultores consultam a Lua antes de plantar ou podar, assim como nos salões de beleza muita gente faz o mesmo na hora de cortar o cabelo. Há pessoas que chegam à apostar na fase da lua para comprar e vender ações.

Não podemos esquecer que o poder da lua afeta até as marés no oceano, assim como na prática de magia, para cada feitiço uma fase da lua.



Só não sabemos se esses mitos lunares resistem aos dados científicos.




No Egito, haviam mitos relacionados à Lua e aos deuses. A Lua e o Sol representavam as duas luzes do céu que estavam associadas, através dos olhos, ou ao deus Rá ou ao deus Hórus (neste caso como deus do céu, não como filho de Ísis e Osíris). Segundo o mito, os olhos de Hórus significavam o sol e a lua, no caso o esquerdo era a lua, que significava o lado feminino, a intuição, a feminilidade e a fertilidade, já o lado direito significava o sol, o lado masculino, poder, força, enfim, os opostos que se atraíam.

Chamada de Aha, a Lua possuía características masculinas e era representada, assim como o Sol, cruzando o céu. Seu ciclo se iniciava na fase Nova, terminando na Cheia. Ao que parece, além do calendário civil, havia um calendário lunar no Egito. Os egiptólogos possuem posições divergentes quanto ao seu funcionamento, mas isso é
outro assunto.



A Lua, nos ritos funerários, representava a renovação e o rejuvenescimento, pois era “aquela que repetia suas formas”. O Sol possuía divindades associadas, o que também acontecia com a Lua, mas em menor escala. Como exemplo, cito o deus Khonsu de Tebas, filho do poderoso deus Amon-Rá, e o deus Thot, ligado às ciências. A Lua Cheia, pelo seu brilho, favorecia as celebrações noturnas. Por sua vez, a Lua Nova estava associada a diversos festivais e ritos, como é o caso, por exemplo, do festival dedicado ao deus Min, relacionado à fertilidade.


Deuse lunares:


Thot:



Toth (Tot, Tôt ou Thoth) - deus da sabedoria um deus cordato, sábio, assistente e secretário-arquivista dos deuses. É uma divindade lunar (o deus da Lua) que tem a seu cargo a sabedoria, a escrita, a aprendizagem, a magia, a medição do tempo, entre outros atributos. Freqüentemente é representado como um escriba com cabeça de íbis (a ave que lhe estava consagrada). Também era representado por um babuíno. A importância desta divindade era notória, até porque o ciclo lunar era determinante em vários aspectos da atividade civil e religiosa da sociedade egípcia.



Sua filiação ora é atribuída a Rá, ora a Seth. Refere-se também que seria conselheiro de Rá. Sua companheira íntima, Astennu, é por vezes identificada com o próprio Toth . Tinha uma filha: Seshat. Era marido de Maet Também teria participado na construção das pirâmides.

Nut:


Filha de Tefnut (deus da umidade) e Shu (deus do vento), esposa de Geb (deus da terra), mãe de Osíris (deus dos mortos), Ísis (deusa da fertilidade), Seth (deus da guerra), Néftis e Hátor (deusa protetora das mulheres).



Nut representava o céu e invocada como a mãe dos deuses. Muitas vezes sob a forma de uma va era representada por uma belíssima mulher trazendo o disco solar orlando sua cabeça.
Com o seu corpo alongado, coberto por estrelas, forma o arco da abóbada celeste que se estende sobre a terra. É como um abraço da deusa do céu sobre Geb.




Khonsu:



Khonsu (também chamando de Chonsu, Khensu, Khons, Chons ou Khonshu) é um antigo deus egípcio cujo papel principal está associado à lua. Seu nome significa "viajante" e isto pode referir-se a viagens noturnas da lua no céu. Juntamente com Thoth ele representa a passagem no tempo. Khonsu foi fundamental na criação de nova vida em todos os seres vivos. Em Tebas ele fazia parte de uma tríade com Mut, sua mãe,e Amon ,seu pai. Em Kom Ombo ele era venerado como filho de Sebek e Hátor [1] .


É visto de duas maneiras diferentes, uma delas lembra o deus Rá que é um falcão, mas diferente do deus Rá, Khonsu é visto com o símbolo lunar na cabeça em vez do solar, outra forma lembra o deus Osíris, porém, com uma trança egípcia infantil e com o símbolo lunar da cabeça em vez da coroa com plumas.Khonsu utiliza os símbolos lunares por ser deus da lua, sua aparência foi muito confundida com o deus da guerra Montu devido a terem a mesma cabeça de falcão e utilizarem os mesmos símbolos, a única coisa que os diferencia é o chapéu. Por ser um deus do conhecimento adorava jogar Senet (um jogo de tabuleiro) com o deus Toth.

Normalmente ele é retratado como uma múmia com o símbolo da infância, uma sidelock de cabelo, bem como a menat colar com bandido e malho. Ele tem ligações estreitas com outras crianças, como divino Horus e Shu. Ele às vezes é mostrado vestindo um falcão da cabeça como Horus, com quem ele está associado como um protetor e curandeiro, enfeitados com o sol disco ea lua crescente [2].

Ele é mencionado no Pyramid Texts e Coffin Texts, no qual ele é retratado em um aspecto feroz, mas não ganha destaque até o Novo Reino, quando ele é descrito como o "Maior Deus dos Grandes Deuses". A maior parte da construção do complexo do templo de Karnak foi centrada em Khonsu durante o Período Ramessida [3]. Seu templo em Karnak está relativamente em um bom estado de conservação e em uma das paredes está representado um cosmogenia em que Khonsu é descrito como a grande serpente que fertilizou o “Ovo Cósmico” da criação do mundo.
Khonsu possui uma reputação como curandeiro que ultrapassa o Egito como a lenda em qua a princesa de Bekhten instantaneamente foi curada de uma doença, quando uma imagem de Khonsu chegou. Rei Ptolomeu IV chamava a si mesmo como "Amado de Khonsu Quem Defende Sua Majestade e Dispersarei os Maus Espíritos" após ter sido curado de uma doença. Memphis, Hibis e Edfu foram aos locais de seu culto.


[1] The Oxford Guide: Essential Guide to Egyptian Mythology", Edited by Donald B. Redford, p186-187, Berkley, 2003.

[2] The Oxford Guide: Essential Guide to Egyptian Mythology", Edited by Donald B. Redford, p186-187, Berkley, 2003.

[3] Idem






Fontes:

















quarta-feira, 14 de outubro de 2009

O papel da mulher no Antigo Egito



Dr. Geraldo Rosa Lopes *

Mesmo desde a época pré-dinástica e, sobretudo no período dinástico, a mulher egípcia já desfrutava de uma invejável posição sócio-política-cultural, chegando, em certos períodos, a equiparar-se ao homem. Seu prestígio era bem mais acentuado que o de suas contemporâneas de sociedades vizinhas. Historiadores gregos, como Heródoto, Plutarco, Diodoro e Hécate de Mileto, ficaram surpresos diante da hierarquia que a mulher egípcia ocupava na comunidade. Juridicamente, possuía os mesmos direitos, prerrogativas e as mesmas responsabilidades.


Podiam dispor de bens próprios e ser proprietárias de terras por elas mesmas administradas; participavam de transações comerciais; também herdavam bens e faziam testamentos. Quando se casavam, continuavam a dispor de seus bens e, em caso de separação do cônjuge, tinham seus direitos garantidos. Iguais perante aos códigos de leis, podiam apresentar-se diante dos tribunais como acusadoras, defensoras ou testemunhas. Eram responsáveis pelos seus atos e, igualmente, estavam sujeitas às mesmas penalidades ou castigadas com a mesma severidade que as dispensadas aos homens.


A condição normal da mulher era a de casada, constituindo parte de uma família monogâmica, núcleo da sociedade egípcia na época faraônica. As representações de casais e seus filhos mostram a importância da estrutura familiar e o papel fundamental representado pela mulher. Esse prestígio de que a mulher egípcia gozava se fazia sentir, não só no setor político e religioso, mas ainda na esfera social e nas diversas profissões de nível superior. Há relatos de duas médicas que ficaram conhecidas no Antigo Egito, inclusive exercendo cargos de chefia e outros de trabalho de grande responsabilidade.
A primeira médica citada nos textos é NEFERICA-RÁ ou NEFER-KA-RÁ, médica-obstetra que atuou na corte do Faraó SAHURÁ – 5ª. Dinastia (2494-2345 a.C.). Outra médica, mais citada nos textos, foi PESESHET que atuou durante o reinado do Faraó Amenhotep III – 18ª. Dinastia – Novo Império (1552-1305 a.C.). Exerceu suas funções como “diretora de equipe de médicos” e, nas representações, era sempre citada como “aquela que arbitra” ou “aquela que decide”, confirmando sua posição como uma autoridade conceituada no âmbito da Medicina. PESESHET foi homenageada por seu filho, o Sacerdote Akhet-Hetep, que lhe dedicou uma Estela comemorativa em Gizé, na qual estão claramente gravados o nome e os títulos honoríficos de sua mãe.


Devemos ressaltar que a posição sócio-cultural e profissional alcançada pela mulher não se restringia apenas àquelas pertencentes à nobreza. Também as mulheres do povo desfrutavam de dignidade e de respeito na sociedade faraônica.Mas, o auge do prestígio da mulher no Antigo Egito pode ser facilmente avaliado pelas importantes realizações no âmbito religioso e na realeza. Princesas e as esposas dos faraós exerciam atividades de grande relevo nas práticas religiosas. Eram as “Divinas Adoradoras de Amon” – “Divinas Esposas Reais” – “Mães do Faraó-Deus” – “Cantoras de Amon”. Participavam ativamente dos rituais de oferendas às divindades, cerimônias de consagração e de jubileus, orações e procissões de barcas sagradas.


Em toda essa representatividade a mulher, como sacerdotisa da divindade (de ISIS, de HATHOR, de SEKHEMET) tinha um papel preponderante, mòrmente naqueles rituais em que se celebrava o nascimento do “Filho Divino”, do Faraó-Deus, representados profusamente nos santuários dos “mamisis”, em vários templos. E, como corolário desse prestígio, não podemos deixar de citar as famosas “rainhas-Faraós”, cujos nomes a história tem conservado tão zelosamente e que exerceram suas funções como soberanas incontestes, dedicando suas vidas aos ideais de bem governar o Egito, a grande potência da Antiguidade.

Eis-nos, então, diante de uma plêiade de rainhas autênticas e consagradas: – NitócrisHatchepsut – Nefertiti – Tausert – Cleópatra – nomes que os séculos têm repetido e relembrado como mulheres que gravaram em suas vidas os marcos da glória e do poder.

* Profº, doutor, amigo e membro do ex-Centro de Egiptologia e atual GEAF (Grupo de estudos avançados).

Fonte:
http://www.olhodehorus-egito.com.br/egito.htm#mulher

Poema em louvor às mulheres



Grande alegria do coração *


A única bem-amada,
Sem igual,
A mais bela do mundo,
Olha-a como a estrela
Rutilante do ano novo
No limiar de um ano bom.
Aquela cuja graça brilha,
Cuja pele reluz
Com suave reflexo,

Ela tem olhos
De límpido olhar
E lábios de doce falar
Nenhuma palavra supérflua sai
De sua boca,
Ela, de longo pescoço
E peito luminoso,
É dotada de cabeleira cor


De lapis-lázuli polido,
Seus braços excedem o brilho do ouro,
Seus dedos parecem
Cálias de lótus,
Aquela de rins lânguidos
E quadris estreitos,

Aquela cujas pernas
Defendem a beleza
Aquela de andar
Pleno de nobreza.
Quando na terra
Pousa os pés.
Com seu beijo
Rouba-me o coração.
Ela faz o pescoço
De todos os homens
Voltarem-se para vê-la
E com um deles
Que ela saúda é feliz:
Sente-se, então,
O primeiro dos jovens.


Quando ela sai de sua casa,
Acredita-se, pois, ver
A-que-é-a-ÚNICA!




* Extraído dos poemas de amor contidos no papiro Chester Beatty I, editado por Sir Alan Gardiner.



Fonte:

FEIJÓ, Martin Cezar. Antigo Egito: O novo Império.
Edt. Ática, SP, 1999.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

O mito de Osíris


O mito de Osíris é conhecido graças a várias fontes, sendo a principal o relato de Plutarco (séculoI). Alguns textos egípcios, como os textos das pirâmides, os textos dos sarcófagos e o Livro dos Mortos, narram vários elementos do mito, mas de uma forma fragmentária e desconexa.

Osíris é apresentado como filho de Geb e Nut, tendo como irmãos Ísis, Néftis e Set. É portanto um dos membros da Enéade de Heliópolis. Ísis não era apenas sua irmã, mas também a sua esposa.

Osíris governou a terra (o Egipto), tendo ensinado aos seres humanos as técnicas necessárias à civilização, como a agricultura e a domesticação de animais. Foi uma era de prosperidade que contudo chegaria ao fim.


O irmão de Osíris, Set, governava apenas o deserto, situação que não lhe agradava. Movido pela inveja, decide engendrar um plano para matar o irmão. Auxiliado por setenta e dois conspiradores, Set convidou Osíris para um banquete. No decurso do banquete, Set apresentou uma magnífica caixa-sarcófago que prometeu entregar a quem nela coubesse. Os convidados tentar ganhar a caixa, mas ninguém cabia nesta, dado que Set a tinha preparado para as medidas de Osíris. Convidado por Set, Osíris entra na caixa. É então que os conspiradores trancam-na e atiram-na para o Rio Nilo. A corrente do rio arrasta a caixa até ao Mar Mediterrâneo, acabando por atingir Biblos (Fenícia).

Ísis, desesperada com o sucedido, parte à procura do marido, procurando obter todo o tipo de informações dos encontra pelo caminho. Chegada a Biblos Ísis descobre que a caixa ficou inscrustrada numa árvore que tinha entretanto sido cortada para fazer uma coluna no palácio real. Com a ajuda da rainha, Ísis corta a coluna e consegue regressar ao Egipto com o corpo do amado, que esconde numa plantação de papiros.

Contudo, Set encontrou a caixa e furioso decide esquartejá-lo em catorze pedaços o corpo que espalha por todo o Egipto; em alguns textos do período ptolomaico teriam sido dezesseis ou quarenta e duas partes. Quanto ao significado destes números, deve referir-se que o catorze é número de dias que decorre entre a lua cheia e a lua nova e o quarenta era o número de províncias (ou nomos) em que o Egipto se encontrava dividido.

Ísis, auxiliada pela sua irmã Néftis, partiu à procura das partes do corpo de Osíris. Conseguiu reunir todas, com excepção do falo, que teria sido devorado por um ou três peixes, conforme a versão. Para suprir a falta deste, Ísis criou um falo artificial com caules vegetais. Ísis, Néftis e Anúbis procedem então à prática da primeira mumificação. Ísis transforma-se de seguida num milhafre que graças ao bater das suas asas sobre o corpo de Osíris cria uma espécie de ar mágico que acaba por ressuscitá-lo; ainda sob a forma de ave, Ísis une-se sexualmente a Osíris e desta cópula resulta um filho, o deus Hórus. Ísis deu à luz este filho numa ilha do Delta, escondida de Set. A partir de então, Osíris passou a governar apenas o mundo dos mortos. Quanto ao seu filho, conseguiu derrubar Set e passou a reinar sobre a terra.


Mito e história:


Alguns autores especulam que o mito de Osíris possa ter ligações com eventos históricos. Assim, Osíris seria um chefe nômade responsável pela introdução da agricultura na região do Delta. Aqui teria entrado em conflito com Seth, líder das populações do Delta. Osíris teria sido morto por Seth e vingado pelo seu filho.


Fonte:


Sejam Bem-vindos !!!

Sejam bem-vindos ao meu mais novo blog.
Este blog vai para os amantes dessa terra magnífica, que é o Egito, ou Kemi, chamado pelos egípcios, de "Terra negra", devido ao "húmus" - uma espécie de fertilizante natural que favorecia a agricultura egipcia- muito abundante na região.