segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Cleópatra, a última rainha do Egito - Parte II e III






4.0 - Antônio: a nova opção de Cleópatra


Cleópatra ainda estava em Roma quando o imperador foi morto, mas conseguiu voltar em segurança ao Egito, mas não sem antes envenenar o esposo que nesta época tinha quinze anos.

Otávio e Marco Antônio resolveram se unir e lutar contra os assassinos de César, ao vencerem dividiram entre si os territórios de Roma. O segundo ficou com as partes orientais, o que incluía o Egito.

Ele parte então em uma viajem por suas terras para arrecadar tributos para Roma. Em determinado momento, quando estava em Tarso, solicitou varias vezes a presença da rainha Cleópatra, mas ela cancelava todas as visitas, ação contraria aos dos demais governantes orientais que atendiam ao pedido de Marco Antônio com presteza.

Depois de receber vários convites Cleópatra então resolve encontrar Marco Antônio, mas ela prepararia uma grande frota de navios e se estabelecia em uma embarcação especialmente extravagante para ir a Tarso apresentando-se como uma deusa.

Marco Antônio e Cleópatra manteriam então relações amorosas daquele dia em diante, e a pedido da rainha ele executa Arsinoe. Mas para exaltar sua afeição para com a egípcia ele ainda lhe presenteia com a ilha de Chipre.

Um ano depois os dois se reencontraram em Alexandria, onde Marco Antônio ficou hospedado despreocupadamente e até adotou alguns costumes do local, como vestir-se igual a um grego, por exemplo. Ele passava os dias entre jogatinas, bebedeira e exercícios e quando recebia alguma mensagem pedindo para que retornasse a Roma ele a ignorava.

Mas, devido ao seu descuido, Marco Antônio começou a perder algumas terras e teve que abandonar o seu refugio e ir para a Grécia e assim montar os planos para a futura batalha. Sua esposa Fúlvia foi ao seu encontro. Enquanto ele esteve fora, ela e Lúcio, irmão mais novo de Marco Antônio, travavam uma guerra civil contra Otávio.

Enquanto esteve com o esposo, Fúlvia fica doente, mas ele a abandona para ir a Roma, ao chegar ao seu destino recebe a mensagem que anuncia que ela morrera.

Lúcio tem o seu exercito subjugado por Otávio que, apesar de tudo, continua em aliança de paz com Marco Antônio.

Os dois resolveram reforçar a divisão do império entre eles, mas desta vez o Egito é posto como território independente.

Marco Antônio foi então obrigado a casar-se com Otávia, irmã de Otávio, para intensificar a aliança entre os dois. A esta altura Cleópatra estava grávida e acabou por dar a luz a gêmeos: uma menina chamada Cleópatra Selene e um garoto chamado Alexandre Hélios.

Antonio e Cleópatra passaram quatro anos sem se ver, mas se reencontraram quando ele lhe enviou uma mensagem pedindo-lhe que fosse vê-lo na Síria, assim, quando ele a presenteia com quase toda a bacia do Mediterrâneo e reconhece Cesarion como herdeiro legítimo de Júlio César.

Enquanto Marco Antônio preparava-se para a batalha contra os partos, Cleópatra descobre que está grávida mais uma vez, era um menino ao qual deu o nome de Ptolomeu Filadelfo.

5.0 - A guerra eminente contra Roma

Esperava-se que se utilizando de um grande exercito Marco Antônio derrotaria facilmente os partos, mas depois de meses separados a rainha começa a receber cartas de suplicas do amante lhe pedindo dinheiro e reforços, e assim que vai encontrá-lo depara-se com um exercito faminto sob o comando de um homem declinado. Na vontade de proteger Cleópatra de possíveis retaliações Antônio alimenta o exercito e deixa claro que o dinheiro que os nutre é da rainha egípcia.

Otávia em Roma estava abandonada, e juntamente ao seu irmão ficou sabendo da alarmante situação financeira do marido. Ela então vai à Grécia com uma grande quantia de dinheiro e manda uma mensagem para Antônio mandando que ele vá encontrá-la. Esta ação na verdade era um truque de Otávio, se por acaso Antônio se negasse a ir os romanos poderiam interpretar como de fato abandono a Roma e lealdade a Cleópatra.

Influenciado por um suposto ataque de tristeza que teria abalado a saúde psicológica de Cleópatra, Antônio escreve a esposa pedindo-lhe que retorne para casa, pois ele não pode buscá-la uma vez que estaria se preparando para a guerra o que seria potencialmente perigoso para ela. A opinião pública, olhando a nobreza de caráter de Otávia e paciência em esperar fielmente o marido começou a repudiar Marco Antônio.

A certa altura da sua vida ao lado de Cleópatra, Marco Antônio em um festival em Alexandria afirmou publicamente que o Império do Oriente estava totalmente independente de Roma, e que ele, mas a rainha e seus filhos seriam os senhores.

Dar os domínios orientais para a rainha egípcia foi o extremo para o povo romano. Marco Antônio era então um inimigo oficial do império.

Otávio e seus partidários iniciaram uma serie de propagandas degenerativas contra Cleópatra.

Logo o Egito e o império romano começaram a prepararem-se para se confrontarem. Aqueles que eram partidários de Marco Antônio foram para o Egito ficar ao seu lado. Cleópatra insistiu que a guerra contra Roma deveria ocorrer, ela estava no anseio de torna-se governante também do ocidente e usaria o seu exercito e o exercito de Marco Antônio para tal. Ele estava tão dominado por ela que seguindo o seu pedido separou-se oficialmente da sua esposa Otávia. Ele nesta época estava com cinqüenta e oito anos, e ela com trinta e nove.

Diante da submissão pública que Marco Antônio demonstrava por Cleópatra ele começou a perder partidários. O que continuou a seguir foram demonstrações cada vez maiores de abandono ao império de Roma, dentre eles o seu testamento onde se afirmava que quando morresse queria ser velado no fórum romano, mas o seu corpo deveria ser enviado a Alexandria para lá ser sepultado. Uma afirmação desta vindo de um dos lideres de Roma era um insulto, e ele foi exonerado de todos os seus cargos oficiais e a guerra foi enfim declarada contra Cleópatra.

Em 31 a.C, Marco Antônio concentrou sua infantaria e suas forças navais na Grécia, mais especificamente em Áccio. Otávio tomou a iniciativa e atacou as tropas de Antônio primeiro e o fez com sucesso.

Após um longo período de batalha a fio no mar e as tropas de Otávio prestes a se tornarem vitoriosas os navios de Cleópatra içaram as velas e fugiram. Marco Antônio logo passa para um navio menor e segue a rainha. Sem comando, as suas tropas se rendem e a batalha é tida como terminada. Cleópatra ansiava retornar o mais breve possível para Alexandria antes que os egípcios descobrissem a sua derrota, mas Marco Antônio decidiu permanecer em uma cidade costeira chamada Paretonium (atual Marsa Matrouh) onde ficou sabendo que a Grécia prestara homenagens a Otávio.

A rainha, por sua vez, voltou para casa com toda a pompa de uma governante vitoriosa, mas, ciente da sua situação, ela enviou um emissário a Otávio munido de alguns presentes (um cetro e uma coroa), na busca de uma negociação: ela lhe entregaria seu reino se ele permitisse que os príncipes egípcios herdassem o trono. Otávio então deixa claro que aceitaria a oferta se a rainha se livrasse de Marco Antônio, executando-o ou expulsando-o do reino. Cleópatra não segue o pedido e Otávio interpreta esta ação como uma recusa.

Numa última investida ela usa o seu filho Cesarion para denotar a sua ascendência de Roma preparando para ele a cerimônia da maioridade, que era de considerável importância na sociedade romana, na época ele tinha dezessete anos de idade e vestia a toga dos adultos. Otávio, ao saber da celebração, ressentiu-se, pois ele deveria ser o único herdeiro, e o seu rival ter tornado-se adulto era uma ameaça a sua posição.

Após ter passado um ano Otávio descobre que a rainha está preparando um mausoléu. Devido a este fato ele começou a imaginar que ela pensava em suicídio, o que não ia de acordo com os planos dele, já que ansiava que a rainha viesse a desfilar nas ruas de Roma como o seu triunfo. Sendo desta forma ele inicia um joguete insinuo-se apaixonado pela egípcia e ela aceita esta oportunidade.

Parte III

Neste ponto da história a personalidade de Cleópatra apresenta-se mais dúbia, ela troca cartas secretamente com Otávio, enquanto este pedia que a rainha executasse seu amante. O fato dela manter estas mensagens em segredo parece apontar que matar Marco Antônio fosse realmente uma possibilidade aceitável.

Ela envia para fora do Egito Cesarion, a fim de protegê-lo até que a sua situação estivesse segura, e depois se tranca no próprio mausoléu com duas criadas mandando que informassem a Marco Antônio que ela tinha se matado. Este logo reagiu e após enfiar uma espada no próprio peito descobre de alguma forma que Cleópatra estava viva e pediu para que o levasse até ela.

A rainha estava encerrada em seu mausoléu e se negou a abrir-lo, os presentes tiveram que transpassar o romano por um orifício com o auxilio de cordas e roldanas. As fontes relacionadas aos últimos momentos de Cleópatra e Marco Antônio são contraditórias. Mas o que está escrito é que ele morreu em seus braços trancados no local.

Ainda segundo as fontes escritas disponíveis, soldados de Otávio chegam ao local, e em um determinado momento durante as negociações com a rainha pelas frestas da tumba um dos oficiais romanos conseguiu entrar no recinto e prender Cleópatra. O povo de Alexandria não foi punido e a cidade não foi saqueada. Os filhos gêmeos da governante foram enviados a Roma onde foram adotados por Otávia.

Otávio permitiu que Cleópatra mumificasse Antônio, neste período cita-se que ela ficou doente e negou-se a se alimentar, mas, após saber que se não comesse seus filhos seriam executados voltou a cuidar da saúde. Otávio mostrou-se o tempo todo prestativo a rainha, mas ele foi desmascarado quando um dos seus séqüitos o traiu contando a Cleópatra que ele planejava levá-la a Roma para ser exibida nas ruas.

Ela então reconsiderou o suicídio e pediu permissão para visitar a tumba de Marco Antônio para fazer oferendas. De acordo com os textos ela teria tomado um último banho e se vestiu com indumentárias ligadas a deusa Isís, e enquanto fazia sua refeição um homem entrou na sala com um cesto cheio de figos e ofereceu aos soldados, depois levou-os a rainha. Ela, em contrapartida, escreveu uma mensagem a Otávio, onde pedia para ser sepultada ao lado de Marco Antônio. Ao receber a mensagem Otávio se dirigiu rapidamente ao local e encontrou Cleópatra morta na cama e suas duas criadas Iras e Charmion agonizando aos seus pés.

Cleopatra
(69-30 B.c)

“Give me to drink mandragora…
That I might sleep out this great gap of time
My Antony is away.”
(Shakespeare’s Antony and Cleopatra 1.v.4)


Veja mais:
Benchley, Elizabeth. Cleópatra. Editora Folio, 2007.
Terrae Antiqvae, 24/04/2009. < http://terraeantiqvae.blogia.com/2008/042401-egipto-buscara-mediante-un-radar-las-tumbas-de-cleopatra-y-marco-antonio.php >

Fonte:

http://www.arqueologiaegipcia.com.br/texto_cleopatra_ultima_rainha_egito.html



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